....até quando?

nosso gato shitake é puro destaque. nossa égua aretha, árabe, uma obra de  arte.
o sol na grama a passear, as flores pequeninas, as gramas, franzinas, ainda meninas.
a natureza agradece. a arte, o destaque.
c. a. luppi



 todos os seres são relações,
são membros de uma mesma família planetária.
os humanos são os únicos que ainda
não se deram conta disso.
os animais, as árvores, as pedras, etc...
todos eles escolheram suportar a
crueldade dessa ilusão humana -
que acredita que tudo é separado de tudo
nesta existência.
até que se recordem da
nossa unicidade com
toda a vida e,
possam, então,
retornar, juntos,
ao grande mistério.

grande mistério é o que
a cultura sêneca chama de
inteligência espiritual,
os hindus chamam de brahma,
os budistas de uma mente só,
os cristãos de reino dos céus.

tudo isso é aqui.

twylah nitsch (1913- 2007)

líder do clã wolf da tribo sêneca

brilhantes









dezembro: o buquê que eu fiz para mim

chama-se a sustentável leveza do ser, sim !


um buquê das pluminhas que floresceram em meio à grama natural do imenso jardim

veja mais no  afinidades eletivas (clique sobre o nome)

camélia no musgo - muito wabi

estou lendo o  "a elegância do ouriço"  de muriel barbery, lamentando que já estou quase chegando ao final do livro.
neste domingo, sentada no galpão, o resto de brasas incandescentes no forno à lenha, os gatos aninhados na almofada macia da cadeira, meu marido escrevendo e ouvindo miles davis,as estrelas reaparecendo depois de dias de chuva, cheguei a um capítulo chamado wabi. meu coração piscou mais uma vez.
wabi em japonês = uma qualidade de requinte mascarada de rusticidade.
sinto-me  a própria camélia no musgo. (nem sempre...) explico aqui.
a concierge, personagem do livro, assiste uma noite a um video, o filme as irmãs munakata, do diretor ozu.
ela comenta sobre duas cenas curtas e marcantes num roteiro sobre o novo e o antigo japão, conflitos, violência,decepção amorosa, "que nada na intriga motiva" e que no entanto "provocam um  emoção tão forte, mantêm todo o filme entre parênteses inefáveis."
cena 1: o pai, que em breve morrerá, conversa com a filha sobre o passeio que acabam de fazer por kyoto. bebem saquê.
o pai : e esse templo do musgo! a luz ainda realçava o musgo.
setsuko, a filha : e também a camélia posta ali em cima.
o pai : você reparou nela? como estava bonito! (pausa)
no antigo japão há coisas lindas. (pausa) esse modo de decretar que tudo é ruim me parece exagerado.
o filme avança e , bem no finzinho, setsuko, a mais velha, conversa com a irmã mais nova , muriko, num parque.
 cena 2 : setsuko, com o rosto radioso: diga-me mariko, por que os montes de kyoto são violeta?
mariko, esperta: é verdade, parece um flã de azuqui.
setsuko, sorridente: é uma cor muito bonita.


e aqui está a chave do filme, diz a concierge no livro, algo que escapa aos ocidentais.


setsuko: a verdadeira novidade é aquilo que não envelhece, apesar do tempo.


a camélia sobre o musgo do templo, o violeta dos montes de kyoto, uma xícara de porcelana azul, essa eclosão da beleza pura no centro das paixões efêmeras, não é a isso o que todos nós aspiramos? e não é isso que nós, civilizações ocidentais, não sabemos captar?
a contemplação da eternidade do próprio movimento da vida.  

quinta da grama e um recado muito wabimauaaah






Carta aberta ao Sr. Claudio Serricchio,


 em resposta ao seu artigo publicado no jornal Ponte Velha, de Resende:




Sr. Claudio:
Li o seu artigo no jornal Ponte Velha. Muito bem escrito. O senhor quase me convenceu da sua luta pelos valores politicamente corretos da preservação ambiental. O quase, fica por conta do discurso sem criatividade,
válido para qualquer quintal que tenha mais de três arvores. 
Claro que o homem urbano está estressado. Claro que a natureza deve ser preservada em prol da saúde de nosso planeta e,  claro que o  "consumismo desenfreado" é predador. 
Sr. Claudio, quanto lugar comum e quanto oportunismo carrega o seu artigo. 
Óbvio que o senhor não participa das reuniões da comunidade. Se o senhor tivesse a humildade democrática de ouvir a maioria absoluta dos habitantes da nossa Visconde de Mauá, compreenderia de imediato que todos, todos nós, desejamos mais que ninguém a preservação do nosso maior capital: a natureza que nos cerca.
O senhor, em alguma época, tentou nos representar. Foi candidato a vereador. Seu pleito não foi atendido pela comunidade. Por que agora o senhor tenta fazer da sua opinião a  opinião que carrega a verdade? Por que o senhor põe em dúvida o valor da nossa opinião, que é a opinião da maioria?
O filósofo urbano Joãozinho Trinta cunhou uma pérola do pensamento popular:  "Quem gosta de pobreza é intelectual..." É em escritos como o seu artigo no Ponte Velha que podemos aferir a veracidade desta afirmativa. 
A nossa região empobrece a cada dia que passa. Será que o senhor não percebe que a nossa "sustentabilidade" depende inteiramente  dos turistas que se hospedam em nossos hotéis, comem em nossos restaurantes, compram nossos artesanatos, andam em nossos cavalos, alugam nossas bicicletas, compram mel de nossas abelhas... 
Será que o senhor não percebe que sem estrada não teremos turistas e sem turistas não teremos renda e sem renda viraremos uma FAVELA. E favela, nunca é ecológico. Pobreza não é ecologicamente correto.   
Sr. Claudio, é demais o senhor acreditar que somos um bando de tolos vendidos ao capitalismo, aos políticos ou a quem quer que seja. Pelo contrário, somos bem formados, bem informados e de bem com a vida que escolhemos viver em Visconde de Mauá. Aqui investimos nosso capital de vida. Somos empregados e empregadores.
Não aceitamos que um pequeno grupo, que se crê dono da verdade, queira nos monitorar, representar,  conduzir ou ensinar preceitos ecológicos - preservacionistas. Foram justo esses temas que nos trouxeram para Visconde de Mauá.
O seu discurso radical, com todas as palavras da moda, tem claque garantida. A Geni do momento é qualquer empresário ou cidadão que queira morar e trabalhar fora dos centros urbanos com conforto e dignidade. E este é o nosso caso.

Claro que é absolutamente possível conciliar progresso e preservação do meio ambiente e este será o nosso desafio. Estamos nos preparando para o que está para vir. As leis ambientais estão consolidadas e do nosso lado. Se colocadas em uso em sua plenitude não acontecerá em nossa região o que aconteceu com destinos turísticos que se consolidaram nas décadas passadas.

Como residente na região, o senhor está convidado a participar deste desafio. 
Mas por hora, por favor, não nos subestime.   


Cordialmente,



Ivan Lopes de Almeida
hoteleiro residente

olhar wabimauaaah de jorge vasconcellos

chuva e sol...
nastúrcios...
as flores que perfumam as saladas verdes,
as folhas que cortam qualquer resfriado e aliviam logo qualquer picada de inseto.
desde antigamente, esta erva-flor, originária do peru,
é considerada um escudo invisível de proteção.
segundo o livro "as ervas do sítio" de rosy  bornhausen,
plantar ao redor da casa ou mesmo imaginar ou tentar perceber o seu aroma,
afasta todas as influências negativas.
no vaso, os cristais aguardam a floração das orquídeas selvagens.
o guarda-chuva, made in china, claro, comprado numa venda no meio do nada,
interage, enquanto seca, com tudo ao seu redor.
e o olhar do fotógrafo e artista multimídia jorge vasconcellos
registra isso tudo neste nosso vale das flores. muito wabimauaaah... 


beleza wabi

" compreendi também , nessa noite, a infinita possibilidade de comunicação das formas e a  liberdade tão procurada de fazer no papel ou na tela somente aquilo que quero, como se todo o passado de condicionamentos desaparecessem naquele instante. estava livre."
eu - por roberto magalhães, no livro portfolio brasil artes plásticas
"wabi is a nature-based aesthetic paradigm that restores a measure of sanity and proportion to the art of living. wabi - deep, multi-dimensional, elusive - is the perfect antidote to the pervasively slick, saccharine, corporate style of beauty."  leonard koren

reflexos


ver o mundo num grão de areia,

ver o céu numa flor selvagem,

segurar o infinito na palma da mão

e a eternidade numa hora de vida.

william blake

nossa coleção de pedras

nossa coleção de pedras em forma de coração, encontradas aqui no rio das flores,
neste vale muito wabimauaaah. aqui, se exibem sobre a madeira, sobre meu foulard de onça,
sobre detalhes das minhas colagens (clique aqui pra conhecer) e
last but not least, sobre as folhas do livro de roberto magalhães,
presente recente do antigo amigo, com casa e ateliê vizinho aqui

" pra mim, pedras são almas vivas com um espírito que ressoa há milhares de anos,
embora eu sinta que existe um diferente espírito em cada diferente pedra"


alex vervoordt,designer, decorador, art dealer, colecionador, estudioso das filosofias orientais

canjica

o pássaro bateu na janela.
quebrou a canela.
o gato olhou, se interessou.
piado do pássaro.
miado do gato.
barulho do vento.
as folhas voando.
as portas batendo.
as árvores gemendo.
o fogo ardendo.
e o povo comendo.
angu e farofa.
canjica da roça.
jacu na panela.
cachaça amarela.
e seu olhar na janela.
galinha d'angola que grita e rebola.
o galo músico, tenor de vitrola.
assim é novembro.
dezembro também.
um sopro de alento.
a vida dizendo.
dizendo pro vento.
pra não esquecer o luar.
e nem deixar de sonhar.
piado do pássaro.
miado do gato.
chiado do chá.
eu e você.
lambuzados de mel.
a vida acesa.
e o céu estrelado.
wabimaaauah


olhar wabi

reconhecer o fascinante nas coisas mais simples,
 isso é wabi.
 nossa percepção sobre nós mesmos e o mundo 
pode se abrir e mudar num instante 
ao observarmos, por exemplo, 
um vaso que andou tanto 
que mudou até de forma 
e por isso adquiriu mais valor,
 ou os sulcos na madeira do portão turquesa, 
esculpidos pelas mudanças do clima,
que o tornam mais lindo ainda,
 ou a passagem do tempo que desnuda
a fachada da casa rústica.